A Travessia dos Refúgios, em Bariloche - Viagem de carro pela Argentina e Uruguai (Parte 14)

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No dia 20/01/2008 deixamos por volta das 10:00 a pousada na cidade de Bariloche e fomos até a estação de esqui Cerro Catedral, onde estacionamos o carro. Então, arrumamos nossas mochilas e iniciamos a Travessia dos Refúgios, uma caminhada de 4 dias pelas montanhas. Eu já havia feito parte desta caminhada sozinho, em dezembro de 2002. E em janeiro de 2003 estive uns dias escalando com amigos na área do Refúgio Frey. Assim, eu já conhecia a região. No entanto, agora queria fazer um percurso um pouco maior do que tinha feito antes e também apresentar o lugar à Deise, que estava lá pela primeira vez.

Neste primeiro dia de caminhada seguimos pela a trilha que sobe até o Refúgio Emilio Frey. São mais de 700m de desnível. Na primeira metade da trilha a subida é suave e depois, na segunda metade, é mais íngreme. Chegamos no Frey em pouco menos de 4 horas de caminhada. Montamos a barraca na área de acampamento e ficamos curtindo a tarde e tirando algumas fotos. De noite cozinhamos o jantar e fomos dormir.


Lago Gutiérrez, visto na caminhada que sobe ao Refúgio Frey


A primeira visão das torres do Frey, durante a caminhada em meio ao bosque.


Abelhas


Flores


Montando acampamento. Logo atrás está o Refúgio Frey e a Laguna Tonchek, à 1760m de altitude.


Visual do Refúgio Frey, com as inúmeras agulhas de granito ao fundo formando um cenário perfeito para a escalada em rocha. À esquerda pode-se ver a Aguja Principal (2405m), a mais alta da região.


No dia seguinte (21/01) desmontamos o acampamento tarde, sem pressa. Estava uma manhã bonita. Aproveitamos para tirar algumas fotos. Por volta das 12:00 iniciamos a caminhada. Contornamos a Laguna Tonchek (à 1760m de altitude) e então subimos até a Laguna Schmoll (1940m). Depois de uma parada para fotos, continuamos subindo, cruzando alguns neveros até chegar na “Cancha de Futebol”, uma espécie de platô que forma o Passo que cruza as montanhas para o vale seguinte. Assim, atingindo o Passo, que está à 2050m de altitude, começamos então a descida até o Valle del Rucaco. Após uma descida bastante íngreme, a trilha entra no bosque. O caminho desce até uns 1550m de altitude e então segue rumo ao final do vale, onde sobe uma encosta até cruzar outro Passo, à 1900m. Lá de cima já se vê o Refúgio San Martin, que está no fundo do vale que está adiante, ao lado da Laguna Jakob (1580m). É uma descida íngreme até lá. Era final da tarde quando chegamos no Refúgio San Martin. Foram 6 horas de caminhada desde o Refúgio Frey. Montamos a barraca e cozinhamos o jantar.


Subindo em direção ao primeiro passo, após passar pela Laguna Schmoll.


A bonita Laguna Schmoll (à 1940m de altitude). Na primeira vez que passei por aí, final de dezembro de 2002, ela estava congelada e totalmente coberta de neve: Nem dava para exergar a laguna.


Ao atingir o primeiro passo, à 2050m, podemos ver o Valle del Rucaco, por onde segue o caminho adiante.


Depois de cruzar o Valle del Rucaco, que se vê logo atrás de nós, subimos até outro passo, à 1900m de atitude.


Refúgio San Martin (à 1580m de altitude)


Laguna Jakob (à 1580m de altitude)


No dia seguinte (22/01) depois de desmontar acampamento e arrumar as mochilas fomos conversar com o refugiero para pegar dicas sobre a caminhada até o Refúgio Itália. Este trajeto eu ainda não conhecia, pois na outra vez que estive aqui o tempo estava muito ruim e então do Refugio San Martin eu resolvi voltar para Bariloche. Porém, dessa vez estávamos com mais sorte: O tempo estava perfeito.

Após falarmos com o refugiero ele nos apresentou um outro grupo que também estava saindo para fazer a caminhada até o Refúgio Itália. Eram três israelenses (duas meninas e um cara) e também um argentino. Conversamos com o pessoal e combinamos de ir juntos. Assim, deixamos o Refúgio San Martin por volta das 11:00 e iniciamos a caminhada. Contornamos a Laguna Jakob (à 1580m de altitude) e passamos ao lado da Laguna Los Tempanos (1650m). Então o caminho segue subindo por uma encosta rochosa bastante íngreme, com alguns trechos de “escalaminhada”. Em seguida, contornamos o Cordón de los Inocentes, cruzando alguns neveros e caminhando por algumas cristas rochosas. Então, subimos até o cume do Cerro Navidad (2110m) e descemos pelo outro lado, por uma grande canaleta de neve. Ao final da canaleta, no fundo do vale, alcançamos a mata. Seguimos então por uma trilha e também em vários momentos fomos caminhando pelo rio, com os pés dentro d’água, até finalmente chegar no cruzamento com a trilha principal, que dá acesso ao Refúgio Itália. Neste ponto estávamos à 1280m de altitude e o caminho é uma subida forte até Refúgio Itália e Laguna Negra (que estão à 1620m de altitude). Estávamos cansados, devido o longo dia de caminhada. Por isso o resto do pessoal não quis subir até o Refúgio Itália e resolveram descer para uma área de acampamento que havia um pouco abaixo de nós, no rumo de Bariloche. Mas eu e a Deise fizemos questão de ir conhecer o Refúgio Itália e a Laguna Negra. Assim, nos despedimos do pessoal e, depois de uma parada para lanche no riacho onde os caminhos se cruzam, enfrentamos mais 40 minutos de subida até o Refugio Itália. No total foram 9 horas de caminhada desde o Refúgio San Martin. Foi um dia puxado. Era final de tarde: Montamos a barraca, cozinhamos um macarrão e dormimos.


O pessoal com quem fizemos a caminhada do Refúgio San Martin ao Itália


Laguna los Tempanos (1650m)


Subimos por uma encosta rochosa bem íngreme, com alguns trechos de "escalaminhada". Lá embaixo, no canto superior direito da foto, pode-se ver uma pontinha da Laguna los Tempanos.


Subindo pela encosta rochosa. Ao fundo pode-se ver a Laguna Jakob.


Após subir a encosta rochosa (nas fotos anteriores), contornamos o Cordón de los Inocentes por trás, seguindo rumo ao Cerro Navidad. Ao fundo, no canto superior esquerdo desta foto, pode-se ver a Aguja Principal (2405m).


Cerro Navidad (2110m) e a Laguna Navidad. O caminho contorna o vale onde está a laguna seguindo pelo Cordón de los Inocentes (uma crista mais à esquerda, que não aparece nesta foto) e sobe o Cerro Navidad pela crista visível no lado esquerdo da montanha.


No cume do Cerro Navidad (2110m). Ao fundo pode-se ver o Cerro Tronador, a montanha mais alta da região.


Cerro Tronador (3491m), visto do cume do Cerro Navidad


Volcán Puntiagudo (2498m), visto do cume do Cerro Navidad


Aguja Principal (2405m), vista do cume do Cerro Navidad


Após atingir o cume do Cerro Navidad, cruzamos a montanha e descemos pelo outro lado, por uma grande canaleta de neve.


A canaleta de neve por onde descemos o Cerro Navidad





Chegando no final da canaleta de neve. No fundo do vale, alcançamos a mata. Seguimos então por uma trilha não muito demarcada e também em vários momentos fomos caminhando pelo rio, com os pés dentro d’água, até finalmente chegar no cruzamento com a trilha principal, que dá acesso ao Refúgio Itália.


Flor


Refugio Italia e a Laguna Negra


Laguna Negra (1620m)


Laguna Negra


No dia seguinte (23/01) tínhamos que retornar para Bariloche, para cumprir nosso cronograma e a data que tínhamos reservado na pousada em Bariloche. Assim, não fizemos o último trecho que faltaria para terminar a Travessia dos Refúgios, que vai até o Refúgio Lopez.

Então desmontamos acampamento, tiramos algumas fotos e iniciamos a caminhada de descida. Foram mais de 800 metros de desnível descendo até Colonia Suiza (que está à 780m). Fizemos essa caminhada em 4 horas.


Na Laguna Negra


Margaridas


Cruzando uma pequena ponte de madeira na trilha, na descida do Refugio Italia


Ao final da caminhada, chegamos no pequeno povoado de Colonia Suiza, onde ficamos esperando o ônibus para Bariloche. Foram 4 horas de espera e ainda um pouco de luta para conseguir embarcar no ônibus, que saiu lotado. Chegamos em Bariloche no final da tarde. Deixamos as mochilas na pousada e saímos para tentar ir buscar o carro que tínhamos deixado em Cerro Catedral. Porém já era tarde e não conseguimos pegar o ônibus. Voltamos para a pousada para tomar um banho, apesar de nossas roupas estarem imundas e não termos roupas limpas para pôr (pois todas nossas coisas estavam no carro, lá em Cerro Catedral). Assim, roupas limpas era um luxo que estava reservado apenas para o dia seguinte. Então saímos para comer uma pizza e depois voltamos para a pousada para dormir.

E no outro dia (24/01), depois de tomar o café-da-manhã na pousada saímos para pegar o ônibus para Cerro Catedral e buscar o carro. Pegamos o carro e voltamos para Bariloche.


Mapa da Travessia dos Refúgios



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